Confira os vídeos da série

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A geração analgésica e o assassinato ideológico da velhice _ de Marcelo Dias Costa

“Vós, porém, quando chegar o momento em que o homem seja bom para o homem, lembrai-vos de nós com indulgência.”

Há de se pensar que toda caminhada não valeu de nada. De que todo conselho é um engodo, de que todo velho é bobo e de que a prudência é maçada! Pobre humanidade... Se é também na dor que as gerações se encontram...

- Papai, eu te suporto. Mamãe, eu te odeio. Mas compartilhemos de toda revolução! De um mundo de liberdades!

Mas, meu bem...
Como pensar um futuro se negligencias o passado? Se o que é estabelecido, é também intensificado por você, que por agora chega com tantas certezas, e que somente fortalece a já existente, mas que em frescor potencializada, lacuna de gerações.

“Queimemos os velhos! E junto a eles, que queimemos também o restante dos livros. Acredito piamente que ao dermos fim a todos os velhos, numa tardia esperança de refletirem sobre nossa história, os estúpidos enfim recorrerão aos livros, o que não podemos deixar que aconteça”, à ribalta, urra o tirano personagem Calegué.

Cego, surdo e mudo. Condição imperativa, que em desprezo ao “velho” se cumpre, com toda indiferença a quem resiste viver num mundo de “novidades”. Ah... Mas como são nossos patetinhas imprescindíveis à manutenção e renovo do desarmônico... Do status que se perpetua em debilidade e engenharia social. Jovens, mas sem memória. Viçosos, de profundidade piriana ( adjetivo que advém do sujeito “pires”). E assim, segue-se o baixio: Plano assassino e ideológico de toda memória viva.
Mas Hominídeo! O que tanto ambiciona? Um reino, papai. Mas, antes não é preciso que velho volte a ser criança? Então qual o motivo, geração infanticida e estúpida, por qual motivo prostitui suas crianças e assassina vivos todos os teus velhos?

Que não se engane: até mesmo o que discute como liberdade sexual, em mediocridade, não passa de pornô chanchada.

Ó geração analgésica, anfetamínica e lisérgica! A ti tudo é sabido, se o que já vivido tão rejeitado. “Vovó, mas que crendice sem propósitos!”. Juvenil, juvenil, infante mentecapto, sabeis ao menos que andais adorando um deus que é seco, um deus cacto? Teu pão? Anda sendo servido num corpinho retrô-sintetizado. Mas, é mesmo você que em enfermidade segue ao vento, e alucinado, exorta um cosmo raso, oblíquo e mentiroso, mas que certamente festejado por convivas da tua tolice alucinógena.

Mas, chegado até aqui, não poderei te poupar. Se é isso o que me cabe. A dor que sentes. Essa. Essa é real. Mas não... Não fiques atônito; No que logo clareio: Diferente do que compreendes, ó infante iludido do onírico, nesse mundo, essa dor não pode ser compartilhada, como te é de costume. Substituí-la por estímulos? Não, ela está em ti. Tampouco some, como te aludiu o de jaleco branco, na mais terrível ilusão do teu monstro farmacêutico. E, por mais que tentes e queiras - o que é humanamente compreensível-, não podes ludibriar um aprendizado, essa dor é velha. E é somente por isso que insisto e repito: Dói e não some. Mas o que fazer, se foi incumbido a esse, que toma por decrépito e sacal, o pesado fardo que é orientar-te? Sendo assim, que ao menos por um momento ouça: Essa dor pode ser relativizada em convívios, harmonizar em amor e, por fim, vencer toda inconsciência em perdão; Pois é essa, que não há outra, toda dor da humanidade.
E segue o velho, nesse mundo caduco, guardando toda sabedoria dos dias.

Da empírica tentativa de dissecar toda estupidez _ de Marcelo Dias Costa

Experimento – 2

Os estúpidos andam aos pares. E são eles seres equidistantes a outros de sua espécie. Mas é em ambiente competitivo que todo estúpido fortalece sua estupidez. Não é raro, se observarmos mais atentamente uma colônia de estúpidos, que membros riem de si mesmos – o que não passa de uma importante celebração, que também em si, demonstra concordância, convívio e empatia por toda estupidez proferida. Há também uma espantosa cooperação entre eles.

Esses seres se dividem em dois subgrupos, sendo eles formados por estúpidos vermelhos e os estúpidos azuis. Difusores do senso comum, o SER estúpido na maioria das vezes é contraditório, calorosamente intempestivo, podendo ser, por exemplo, no caso do vermelho, incansável orador de discursos anticapitalistas, mas ainda assim celebrar a prostituição do outro como uma escolha, como sendo uma condição natural! Veja só... Já o estúpido azul é certamente uma incógnita. Estudos apontam a necessidade de revisão de sua sapiência.

• Nota: Ainda que haja qualquer alteração nesse específico subgrupo, a espécie será mantida em igualdade no que confere à sua respectiva estupidez.

Esses pequenos seres, desde os tempos mais remotos, são ensinados a entenderem toda dinâmica da vida terrestre unicamente pela perspectiva da competição, que deram o nome de seleção natural. Já em seus primeiros passos de vida, os estupidinhos, vorazes pela sobrevivência, são ensinados por meio das escolas a mortificarem uns aos outros. A justificativa pra tal comportamento se dá pelo fato do pouquíssimo espaço disponível que se mensura ter ao sol. Quando chegam a primeira idade adulta, nossos amigos são levados a um novo ambiente... O trabalho! No trabalho, os estúpidos de maior estupidez, tonificados pela boçalidade, animados pela bestialidade e vivificados por toda ganância, incitam aos menores a ambição de serem cada vez mais estúpidos. É ai que os serezinhos se tornam capazes de tudo! Nesse momento não há mais qualquer cordialidade. Toda evolução é agora mensurada pela aquisição. É preciso então sobreviver a esse ambiente tão hostil, e amigos de outrora, então devem ser friamente eliminados.

Das relações afetivas entre estúpidos, ou mesmo numa relação afetiva que envolva um único estúpido somente (no que se configura como uma relação entre espécies), há algo que mereça a mais atenta observação, é que o ser estúpido, por sua vez, condicionado à competição, é incapaz de estabelecer relações mutualísticas de afeto. Um estúpido sempre está competindo. Ele precisa vencer. Mesmo que não seja um jogo, mesmo que não haja um outro competidor, a criatura estabelece uma meta de vitória: Geralmente a de domínio afetivo sobre um outro ser. Podendo ser estabelecida sobre um estúpido, ou não.

Os estúpidos, em maturidade, orgulham-se de serem já insensíveis. A espécie acredita piamente que quanto mais insensível for o ser, maior a chance de saírem vitoriosos nas relações de disputa. Inclusive, é bem comum esses seres não entenderem qualquer gesto de afeto.