“Vós, porém, quando chegar o momento em que o homem seja bom para o homem, lembrai-vos de nós com indulgência.”
Há de se pensar que toda caminhada não valeu de nada. De que todo conselho é um engodo, de que todo velho é bobo e de que a prudência é maçada! Pobre humanidade... Se é também na dor que as gerações se encontram...
- Papai, eu te suporto. Mamãe, eu te odeio. Mas compartilhemos de toda revolução! De um mundo de liberdades!
Mas, meu bem...
Como pensar um futuro se negligencias o passado? Se o que é estabelecido, é também intensificado por você, que por agora chega com tantas certezas, e que somente fortalece a já existente, mas que em frescor potencializada, lacuna de gerações.
“Queimemos os velhos! E junto a eles, que queimemos também o restante dos livros. Acredito piamente que ao dermos fim a todos os velhos, numa tardia esperança de refletirem sobre nossa história, os estúpidos enfim recorrerão aos livros, o que não podemos deixar que aconteça”, à ribalta, urra o tirano personagem Calegué.
Cego, surdo e mudo. Condição imperativa, que em desprezo ao “velho” se cumpre, com toda indiferença a quem resiste viver num mundo de “novidades”. Ah... Mas como são nossos patetinhas imprescindíveis à manutenção e renovo do desarmônico... Do status que se perpetua em debilidade e engenharia social. Jovens, mas sem memória. Viçosos, de profundidade piriana ( adjetivo que advém do sujeito “pires”). E assim, segue-se o baixio: Plano assassino e ideológico de toda memória viva.
Mas Hominídeo! O que tanto ambiciona? Um reino, papai. Mas, antes não é preciso que velho volte a ser criança? Então qual o motivo, geração infanticida e estúpida, por qual motivo prostitui suas crianças e assassina vivos todos os teus velhos?
Que não se engane: até mesmo o que discute como liberdade sexual, em mediocridade, não passa de pornô chanchada.
Ó geração analgésica, anfetamínica e lisérgica! A ti tudo é sabido, se o que já vivido tão rejeitado. “Vovó, mas que crendice sem propósitos!”. Juvenil, juvenil, infante mentecapto, sabeis ao menos que andais adorando um deus que é seco, um deus cacto? Teu pão? Anda sendo servido num corpinho retrô-sintetizado. Mas, é mesmo você que em enfermidade segue ao vento, e alucinado, exorta um cosmo raso, oblíquo e mentiroso, mas que certamente festejado por convivas da tua tolice alucinógena.
Mas, chegado até aqui, não poderei te poupar. Se é isso o que me cabe. A dor que sentes. Essa. Essa é real. Mas não... Não fiques atônito; No que logo clareio: Diferente do que compreendes, ó infante iludido do onírico, nesse mundo, essa dor não pode ser compartilhada, como te é de costume. Substituí-la por estímulos? Não, ela está em ti. Tampouco some, como te aludiu o de jaleco branco, na mais terrível ilusão do teu monstro farmacêutico. E, por mais que tentes e queiras - o que é humanamente compreensível-, não podes ludibriar um aprendizado, essa dor é velha. E é somente por isso que insisto e repito: Dói e não some. Mas o que fazer, se foi incumbido a esse, que toma por decrépito e sacal, o pesado fardo que é orientar-te? Sendo assim, que ao menos por um momento ouça: Essa dor pode ser relativizada em convívios, harmonizar em amor e, por fim, vencer toda inconsciência em perdão; Pois é essa, que não há outra, toda dor da humanidade.
E segue o velho, nesse mundo caduco, guardando toda sabedoria dos dias.
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